Amigo chuveiro

Poderia estar aqui apenas para agradecer o maravilhoso final de semana que eu tive e que pude proporcionar aos meus meninos.

Não... não beijei na boca! Apesar de ter querido muito, vontade de me jogar nos seus braços, de recuperar todos esses meses perdidos de felicidade. Me segurei! Que fortaleza que eu fui.

O moço falou que está bom do jeito que está, que está se sentindo bem e está conseguindo pensar e perguntou se pra mim também está bom. Disse que sim! Mas não está. O meu tempo não é esse. O meu tempo está se arrastando e se arrasta todos os dias. Tive de retroceder e voltar às minhas origens. Perdi tudo e até então não ganhei nada. Nem minha paz!

Mas amigo chuveiro, a dor persiste e a lágrima insiste. Tenho momentos de felicidade, de euforia e entusiasmo. Mas são momentos. E o que hoje são momentos, antes eram eternos. Tento desviar meus pensamentos e esquecer de qualquer forma, mas como? Porque, chuveiro? Porque me deixou sozinha em uma cidade estranha, quando nosso bebê estava recém-nascido e nosso outro menino pequeno? Onde estava o coração desse moço? Que pessoa é essa que acaba com uma família e não olha pra trás, que não tem mais uma palavra de carinho ou um gesto de amor que, amor que se acabou, é porque um dia ele existiu. Quem matou esse amor? O que matou esse amor? Porque ele simplesmente desistiu de mim e desistiu de tudo que vivemos? Porque ele substituiu o meu amor por outro amor?

Ih, chuveiro... acho que você não está lavando direito essa meu coração! Será que vou ter que trocar você? Ele ainda tá muito magoado. Tá querendo desistir de tudo, já sofreu muito, acho que até mais do que merecia até mesmo porque, não foram tantos erros assim. Os pensamentos também ainda estão manchados. Estão precisando ficar de molho. Mas já ficaram por tanto tempo, meses e meses e meses de molho. Pôxa, pensamento... dá uma trégua também! Pra quê pensar que ela está tomando minha vida, meu amor, meus móveis, minha casa, meu quarto, minha cama e daqui um tempo, tomará conta até dos meus meninos.

Olha amigo chuveiro, você que se mistura às minhas lágrimas, que faz um barulhinho que esconde os meus soluços, que lava não só meu corpo, mas meus pensamentos, diga àquele moço o quanto está sendo cruel comigo. Diga que não se joga fora um sentimento como o meu e nem uma família como a nossa. Fale pra ele que não quero promessas, que não quero beijos quentes e nem sexo ardente. Quero apenas ele, quero chegar em casa e ter o seu abraço, quero aquele sorriso contagiante, quero sua mão no meu rosto, quero ouvir seu coração bater e dali, esperar o tempo parar.

Ah, chuveiro... Se aquele moço pudesse me ouvir, ouvir o que meu coração tem a dizer, ele não teria feito o que fez. Ele teria dado uma chance ao meu amor. Tenho a impressão de que acabaram com a minha história sem me pedir licença. Aquele moço não me pediu permissão e a minha história está inacabada, rascunhada e onde eu não tenho os originais. Eles me foram roubados, me roubaram os melhores anos da história minha vida e na qual eu não sei o final, porque não teve final e nem sei se terá um final.

Chuveiro, acho melhor eu ir me despedindo, te desligando, senão você vai sair mais caro que minha analista. Até amanhã amigo.